Capitulo 1
Era noite. Estava escuro e frio. Annabelle tremia. Ela queria fugir
correndo. Ela estava com muito medo. Aquele era mesmo seu destino?Nunca
mais poder controlar suas ações e viver atormentada por espíritos
malignos?Ser aprisionada e nunca poder ter amigos ou ver a luz da aurora
novamente?A sensação a deixava enojada. Adorava o jardim de sua casa.
Havia muitas arvores e flores, ela costumava encostar-se a uma arvore
para ouvir os sons dos pássaros pela manhã...
Mas aquilo era
passado. Anna debatia as pernas enquanto seu tio Lucious tentava
amarrá-los. Desde o inicio, criada para servir de marionete dos anjos,
esses alados sujos!Que queriam apenas nossa servidão, nos usar!
Ela gritava. Cada vez mais forte. As lagrimas se misturavam ao suor do esforço de escapar das mãos de sua
própria família.
- Mentirosos!Vocês mentiram pra mim, todos vocês!Diziam que me amavam e
agora fazem isso comigo!Tio Lucious!Tio Lucious!Não deixe eles fazerem
isso comigo, tio!Por favor!Não deixa! - Mas Lucious apenas apertava as
amarras. Annabelle o olhou e percebeu que havia lagrimas no rosto do
tio. Ele havia cuidado dela desde que ela era uma criança. Havia
presenciado suas maiores conquistas... E agora a entregava como um prato
numa bandeja para os anjos.
Estavam numa sala circular. Havia
tochas espalhadas em lugares estratégicos do lugar. No centro havia um
altar onde Annabelle estava amarrada agora. Seus tios e primos começaram
a cantar uma musica bela e sinistra:
"Água benta não poderá te ajudar
Sete demônios ao seu redor
Sete demônios dentro de você
Manterá dentro até que salve seu coração
Até que salve sua alma
O que está feito não pode ser desfeito
No coração do mal
Na alma do mal
Antes de a aurora findar tudo estará acabado
E sua liberdade voltará"
Anna se contorcia no altar. Seu corpo queimava, era insuportável. Ela
gritava,chorava,tentava se soltar, mas nada adiantava. Era ela ou a
humanidade. Ela se contorceu quando uma estranha massa vermelha entrou
nela através da boca, nariz e olhos.
Ate que tudo apagou, todas as
tochas. Todos ficaram quietos. Anna também. Ela não se mexia. Lucious
temeu que ela, tão pequena e frágil, não tivesse resistido.
Ate que
Annabelle ofegou, abrindo os olhos. Não estavam mais no antigo tom de
azul céu, estavam pretos, com vermelho nas bordas. Ela não era mais
apenas Annabelle Achard. Ela era a “boneca”. A possuída.
Capitulo 2
Era sujo, fedia. No passado talvez ela estivesse com medo, mas agora
sentia raiva. Porque eles estavam com raiva. Não era a primeira geração
que ficavam naquele sótão maldito. Annabelle se contorcia no chão.
Estavam disputando quem teria o controle dela. Sua mão golpeou com força
seu rosto. Estavam fazendo ela se espancar. Não parou ai. Fizeram ela
se arranhar com as unhas também. Sua pele estava ferida. Saia sangue de
alguns lugares.
Uma lagrima saltou de seus olhos. Que vida!Possuída
por sete demônios que controlavam parcialmente seu corpo e sua mente.
Condenada a viver uma vida nas sombras, presa, atormentada.
Seus
longos cabelos negros estavam imundos, sua pele branca estava marcada,
suas roupas estavam rasgadas. Annabelle estava exausta e triste. Queria
se matar, mas sabia que se fizesse isso outro em sua família tomaria seu
lugar e ela não gostaria de ver nenhum em seu lugar.
“Annabelle...”
-CALEM A BOCA!
“Fale conosco, Annabelle. Estamos tão solitários.”
-Fiquem quietos... – Anna já chorava. As vozes sussurravam em sua cabeça. Era assustador.
Ela se levanta do chão e começa a andar sem nexo pela sala com as mãos
nos ouvidos. Queria pelo menos abafar aquelas malditas vozes.
-Calem a boca, calem a boca...
-Annabelle.
Ela gritou. Muito alto. Mas não era um espírito, era tio Lucious. Ele estava chorando. Annabelle o olhou com desprezo.
-Guarde suas lagrimas, Lucious. Sua sobrinha é um amor de pessoa, não
vamos fazem nada de ruim com ela. – Os espíritos riram. Uma risada
maléfica.
-Não deboche de mim, Gafus.
Annabelle tinha um
sorrisinho debochado no rosto. Naturalmente os espíritos estavam
gostando de ver a família Achard tão desequilibrada por causa do chamado
da adolescente.
-O que você quer?
-Vim ver minha sobrinha.
Annabelle se virou algumas vezes come se estivesse procurando algo.
-Não a vejo aqui. Você vê, Malakiel?
Anna se contorceu e outro espírito estava falando:
-Não, há apenas nós, Gafus. Lucious, eu acho que a sua sobrinha desapareceu. – E sorriu.
-Minha sobrinha não desapareceu. Ela ainda esta ai, eu sinto sua aura mágica.
-A aura que você sente é a nossa, Lucious. Quando vai entender que estamos dentro dela?
Lucious ficou um momento em silencio, observando o corpo que
anteriormente havia pertencido a Annabelle. Ela estava tão diferente,
não parecia a garota que ele havia cuidado desde pequena. Estava imunda,
com os olhos inchados, a pele marcada de arranhões e sangue... Ele
queria sua sobrinha de volta. Desesperadamente.
Não era uma escolha
da família Achard que escolhia quem seria a próxima “boneca”, pessoa
que teria no corpo os setes demônios do fim do mundo:
• Gabus, espírito da discórdia
• Malakiel, espírito da guerra
• Mulos, espírito da cobiça
• Fatus, espírito das trevas e da escuridão
• Estiel, espírito do caos
• Tokes, espírito da solidão e
• Vasti, espírito da mentira
Era necessário que ate duas horas após a morte da ultima “boneca”, toda
a família se reunisse para que o sol ou a alua anunciasse o próximo.
Depois disso, era necessário pedir ajuda ao fogo para que acorresse a
transferência, ritual pelo qual Annabelle havia passado na noite
anterior.
Tio Gerald havia sido a ultima “boneca” antes da
adolescente e havia morrido de velhice. Rapidamente foi tudo preparado
para que fosse descoberto a próxima “boneca”’que ocuparia o pesado cargo
de Gerald. A lua havia escolhido a pobre Annabelle. A pequena e frágil
Annabelle. O bem mais precioso de Lucious.
Para ele era uma tortura ver a sobrinha tão... Ele não conseguia pensar num adjetivo correto. Talvez “miserável” chegue perto.
-Serviremos logo seu almoço, Annabelle. - Disse o tio, secamente.
-E se ela não comer?-sibilou Vasti
Lucious usou seu poder e empurrou o corpo de Annabelle contra a parede.
-Não me provoque, Vasti.
Anna ergueu a cabeça com um sorriso no rosto.
-Lucious, eu sou um espírito. Você não pode me afetar. Já sua sobrinha...
Lucious deu as costas e subiu de volta, deixando Annabelle e os demônios sozinhos.
Capitulo 3
Lucious estava em seu escritório com Cristovam, seu irmão. Estava
aguardando a chegada de Ariel, o chefe celestial de controle dos sete
demônios. Ele vinha propor um acordo.
-O que você acha que ele vai propor, Lucious?- Perguntou Cristovam, tomando um gole de seu conhaque.
-Espero que algo que a ajude Belle. Não suporto vê-la entregue a esses espíritos inespulsaveis.
-Também fiquei machucado ao vê-la daquela maneira. Mas imagino que a
dor seja muito pior para você. Cuidou dela desde que ela tinha cinco
anos.
Lucious reviveu em sua memória os momentos felizes que passou com Belle. Nunca esqueceria nenhum.
Uma batida na porta chamou a atenção de Lucious e Cristovam. Era a pequena neta de Cristovam, Laura.
-Vovô, Ariel chegou.
Cristovam sorri para ela.
-Obrigada, querida. Pode pedir para ele entrar?
Mas não foi necessário. Um homem muito alto, de pele alva e cabelos
muitos negros estava entrando. Seus olhos eram muitos verdes e vestia um
bonito e elegante terno preto com uma camisa branca por dentro em
contraste.
-Lucious.
Sua voz era grave e seria. Os dois fizeram uma leva reverência com a cabeça e então Ariel entrou e sentou.
-Pode entrar, Aron.
Outro anjo entrava na sala. Mesmo alto não era tão grande como Ariel,
mas era tão alvo quanto ele. Tinha olhos muito verdes também e uma boca
deliciosamente rosada. Seu cabelo castanho com alguns fios dourados era
grande, caindo-lhe sobre as orelhas e ocultando-lhe a nuca. Era magro,
forte e usava jeans, camiseta, colete e All Star. Um guarda roupa
diferente do de Ariel.
-Gostaria de lhes apresentar meu irmão, Aron.
Aron estava nervoso sob o olhar de Lucious. Mas estendeu a mão. Lucious, educado, a apertou.
-Lucious.
-Aron. Conheço sobre o senhor e sua família. Espero ajudar.
Lucious olhou de Aron para Ariel, questionando.
-Aron ficará aqui para garantir que Annabelle fique bem. Será vigiada por onde for.
Um silencio inquietante caiu sobre o escritório.
-Ela poderá continuar com sua antiga rotina, Lucious. Poderá ir ao
jardim, ler, estudar. Se tiver um ataque, Aron estará ao lado dela para
auxiliá-la. Cuidara dela em tudo.
Pausa.
-Em tudo?-Perguntou Lucious. Cristovam sentiu que Lucious iria explodir logo. Conhecia o gênio do irmão.
-Em tudo. -Respondeu Ariel.
-ATE QUANDO ELA QUISER SE MATAR?-A fúria de Lucious assustou Aron, mas
não atingiu Ariel. Ele estava impassível. -ATE QUANDO ELA SE
MACHUCAR?QUANDO ELA PRECISAR TOMAR BANHO OU TROCAR DE ROUPA?
Pausa. Lucious estava irado.
-Sim, Lucious, para tudo.
Mais uma vez cai um silencio constrangedor no escritório. Se pudesse,
Aron estaria suando. Era sua primeira missão realmente importante.
-Esta caçoando da minha dor, Ariel?
-De maneira nenhuma, Lucious. Quero que sua sobrinha seja bem cuidada e
protegida. Assim garantimos que os espíritos não escapem.
Silêncio.
-É minha oferta final, Lucious. É pegar ou largar.
Capitulo 4
Ariel havia ido embora. Aron estava no quarto que Lucious havia
oferecido para ele. Aron olhava pela janela de seu quarto o maravilhoso
jardim que se estendia lá fora e Lucious o observava da porta. Aron
sabia que ele estava lá, mas não conseguiria encarar Lucious, então não
se virou.
-Cuide bem dela, por favor.
Vencendo o medo, Aron olhou para Lucious. Ele segurava lagrimas nos olhos.
-Vou cuidar, Lucious. Vi como Annabelle é importante para todos dessa família. Vou cuidá-la como se fosse minha irmã.
Os dois se observaram por alguns momentos. Depois Lucious disse:
-Fique a vontade. Anna logo estará pronta para vê-lo.
E saiu.
***
Estava toda a família naquela sala: vovó Serafine, tia Karen, tio
Cristovam, a pequenina Laura, seu irmão, Bill, prima Florence, tia
Grace, Lucious e Aron. Era o momento em que o anjo finalmente iria
conhecer Annabelle.
Prima Florence foi comandada por Lucious para ir pegar Annabelle no porão.
Todas as cortinas foram fechadas. Tochas foram acesas de repente.
-Fatus, espírito da escuridão, não gosta de luz. Queima a pele.
Aron assentiu. Entendido, nada de luz.
Elas estavam subindo. Todos ficaram mais quietos ainda, se é que era possível.
Até que ela apareceu. Limpa, mas muito arranhada, vestida com um longo
vestido branco. Seus longos cabelos negros caiam sobre os seios e os
olhos estavam parcialmente negros e parcialmente azuis. Estava descalça e
calma.
-Bem vinda de volta, Annabelle.
Ela olhou para o seu tio. O rosto sem emoção.
-Este jovem anjo ira cuidar de você daqui para frente, Belle. -Continuou-Seu nome é Aron.
A jovem encarou o anjo. Sua expressão não passava nada. Estava quieta, muda.
-Você quer ficar sozinha?-Perguntou Aron.
Belle não respondeu, Apenas assentiu.
-Posso acompanhá-la?
Ela assentiu novamente.
Com um aperto na barriga, ele se aproxima dela, sob o olhar de todos na
sala. Sem se tocar ambos sobem para o quarto de Belle. Ela na frente,
ele a seguindo.
-Porque não quer falar?
Belle não respondeu.
Apenas parou no corredor e o olhou. Ele não entendeu o porquê desta
ação. Até que ela olhou para a parede. Havia palavras aparecendo ali.
"Tenho medo de acordá-los."
-Você escreveu isso?
Belle assente.
-Eles estão dormindo?
Ela olha para a parede de novo.
"Ficam fracos de dia e quase não fazem nada. Mas a noite são violentos.
Não me deixam dormir e me fazem ter pesadelos. Tenho medo."
Aron olhou para ela. Tão frágil, pequena e linda.
-Não tenha.
"Eu não tenho escolha. Posso machucar alguém que eu amo sem querer. E essa seria minha maior dor."
-Você não vai machucar ninguém, Belle.
"Talvez vá. Às vezes penso em me matar, acabaria com meu sofrimento.
Mas eu me lembro que alguém que eu amo sentiria o que eu estou sentindo
agora. A dor seria maior ainda. Antes eu do que eles."
Aron ficou em silencio por um momento, depois sorriu.
-Fico feliz por estarmos conseguindo nos comunicar.
Anna lhe deu um sorriso triste e entrou em seu quarto. A frase que estava na parede quando ela saiu era:
"Obrigada por não me trata com diferença. Como um animal selvagem."
Capitulo 5
Belle ainda estava trancada no quarto e Aron ainda a esperava no corredor. Todo estava quieto lá dentro desde que ela entrara.
O anjo tentou refletir sobre esse terrível método dos arcanjos de
aprisionar os sete maiores demônios em um corpo com magia (ou
semi-humano). Sabia que era uma técnica muito antiga, desde o inicio dos
tempos, quando os sete espíritos destruíram a primeira terra. Depois,
Deus, com sua bondade, refês a terra e deu aos anjos a responsabilidade
de manter os espíritos presos. De alguma maneira, eles descobriram que o
corpo semi-humano é a prisão mais poderosa para espíritos inespulsaveis
e escolheram a família Achard, uma das mais poderosas e antigas família
de semi-humanos, para serem a “bonecas” até que o fim do mundo chegue e
o próprio Deus liberte os espí
ritos para destruí-los.
Ela ainda estava dentro do quarto sozinha. Estava tudo muito quieto lá
dentro. Resolveu ir ver se estava tudo bem. Bateu levemente na porta e
abriu.
Estava um pouco escuro, a não ser por uma pequena faixa de
luz que vinha através da cortina da janela. Ainda assim dava pra ver que
não era um quarto grande. Havia um guarda-roupa na parede da esquerda,
perto da porta. Escondido atrás do guarda-roupa havia outra porta que
levava ao banheiro. Mesinha de cabeceira, cama, escrivaninha, estante...
Tudo estava “escrito” da mesma maneira que Anna tinha se comunicado com
Aron. Mas em toda parte. Paredes, moveis, teto, chão... Tudo marcado
com a mesma palavra: INFERNO.
Só havia uma coisa que parecia certo
lá: na cama, Annabelle dormia profundamente. Sobre ela não havia nenhuma
palavra, mas Aron sabia que era ela que estava fazendo aquilo.
Ela
parecia majestosamente linda e isso só doeu ainda mais em Aron. Porque
ele sabia que aquela beleza estava atormentada e ele não podia fazer
nada.
Capitulo 6
Ela abriu os olhos. Todas as palavras sumiram. Já era tarde. O sol já estava se pondo. Eles estavam voltando.
"O que está fazendo aqui?"
Anna não tinha sequer se mexido na cama quando viu Aron sentado numa cadeira perto da porta,observando-a.
-Porque você não fala?Está caindo a noite. Eles vão aparecer de qualquer maneira.
Ela só o encarou. Seu rosto não estava nada amigável.
"Porque quer ouvir minha voz?"
-Porque responde perguntas com perguntas?
Ela ainda o encarava da cama.
-Fui designado para cuidar de você, Anna. E é o que eu estou fazendo.
"Não quero sua ajuda."
-Você precisa da minha ajuda.
Ela continuava do mesmo jeito: deitada, encarando-o.
"Não quero falar. Eles dizem gostar da minha voz. Dizem preferir quando estou gritando de dor."
Aron sentiu um aperto no peito ao ver que uma lagrima havia saltado dos olhos de Anna.
"Não olhe pra mim desse jeito. Por favor. Sinto-me um ser desprezível."
Aron se levantou e se sentou na borda da cama.
-Você não é um ser desprezível, Anna. O meu olhar é de dor. De ver você
assim. Eu não sei muito sobre você, mas a ver tão frágil assim me dói. E
me sinto pior ainda por não poder fazer nada.
Ele tentou enxugar
uma lagrima dos olhos dela, mas quando sua pele angelical tocou a pele
amaldiçoada dela, queimou. Ela gemeu de dor.
-Oh, Anna, me desculpe, eu só...
"Deixe-me, Aron. Tenho que ficar só. É meu destino..."
Lagrimas saltavam de seus olhos. Ela chorava compulsivamente. Parecia muito cansada.
Mas em vez de ir embora Aron pegou uma manta e a envolveu. Logo depois
deitou com ela, a manta entre os dois. Assim ele a embalou até que ela
adormecesse novamente
- Mentirosos!Vocês mentiram pra mim, todos vocês!Diziam que me amavam e
agora fazem isso comigo!Tio Lucious!Tio Lucious!Não deixe eles fazerem
isso comigo, tio!Por favor!Não deixa! - Mas Lucious apenas apertava as
amarras. Annabelle o olhou e percebeu que havia lagrimas no rosto do
tio. Ele havia cuidado dela desde que ela era uma criança. Havia
presenciado suas maiores conquistas... E agora a entregava como um prato
numa bandeja para os anjos.
Estavam numa sala circular. Havia tochas espalhadas em lugares estratégicos do lugar. No centro havia um altar onde Annabelle estava amarrada agora. Seus tios e primos começaram a cantar uma musica bela e sinistra:
Estavam numa sala circular. Havia tochas espalhadas em lugares estratégicos do lugar. No centro havia um altar onde Annabelle estava amarrada agora. Seus tios e primos começaram a cantar uma musica bela e sinistra:
"Água benta não poderá te ajudar
Sete demônios ao seu redor
Sete demônios dentro de você
Manterá dentro até que salve seu coração
Até que salve sua alma
O que está feito não pode ser desfeito
No coração do mal
Na alma do mal
Antes de a aurora findar tudo estará acabado
E sua liberdade voltará"
Anna se contorcia no altar. Seu corpo queimava, era insuportável. Ela gritava,chorava,tentava se soltar, mas nada adiantava. Era ela ou a humanidade. Ela se contorceu quando uma estranha massa vermelha entrou nela através da boca, nariz e olhos.
Ate que tudo apagou, todas as tochas. Todos ficaram quietos. Anna também. Ela não se mexia. Lucious temeu que ela, tão pequena e frágil, não tivesse resistido.
Ate que Annabelle ofegou, abrindo os olhos. Não estavam mais no antigo tom de azul céu, estavam pretos, com vermelho nas bordas. Ela não era mais apenas Annabelle Achard. Ela era a “boneca”. A possuída.
Sete demônios ao seu redor
Sete demônios dentro de você
Manterá dentro até que salve seu coração
Até que salve sua alma
O que está feito não pode ser desfeito
No coração do mal
Na alma do mal
Antes de a aurora findar tudo estará acabado
E sua liberdade voltará"
Anna se contorcia no altar. Seu corpo queimava, era insuportável. Ela gritava,chorava,tentava se soltar, mas nada adiantava. Era ela ou a humanidade. Ela se contorceu quando uma estranha massa vermelha entrou nela através da boca, nariz e olhos.
Ate que tudo apagou, todas as tochas. Todos ficaram quietos. Anna também. Ela não se mexia. Lucious temeu que ela, tão pequena e frágil, não tivesse resistido.
Ate que Annabelle ofegou, abrindo os olhos. Não estavam mais no antigo tom de azul céu, estavam pretos, com vermelho nas bordas. Ela não era mais apenas Annabelle Achard. Ela era a “boneca”. A possuída.
Capitulo 2
Era sujo, fedia. No passado talvez ela estivesse com medo, mas agora
sentia raiva. Porque eles estavam com raiva. Não era a primeira geração
que ficavam naquele sótão maldito. Annabelle se contorcia no chão.
Estavam disputando quem teria o controle dela. Sua mão golpeou com força
seu rosto. Estavam fazendo ela se espancar. Não parou ai. Fizeram ela
se arranhar com as unhas também. Sua pele estava ferida. Saia sangue de
alguns lugares.
Uma lagrima saltou de seus olhos. Que vida!Possuída
por sete demônios que controlavam parcialmente seu corpo e sua mente.
Condenada a viver uma vida nas sombras, presa, atormentada.
Seus
longos cabelos negros estavam imundos, sua pele branca estava marcada,
suas roupas estavam rasgadas. Annabelle estava exausta e triste. Queria
se matar, mas sabia que se fizesse isso outro em sua família tomaria seu
lugar e ela não gostaria de ver nenhum em seu lugar.
“Annabelle...”
-CALEM A BOCA!
“Fale conosco, Annabelle. Estamos tão solitários.”
-Fiquem quietos... – Anna já chorava. As vozes sussurravam em sua cabeça. Era assustador.
Ela se levanta do chão e começa a andar sem nexo pela sala com as mãos
nos ouvidos. Queria pelo menos abafar aquelas malditas vozes.
-Calem a boca, calem a boca...
-Annabelle.
Ela gritou. Muito alto. Mas não era um espírito, era tio Lucious. Ele estava chorando. Annabelle o olhou com desprezo.
-Guarde suas lagrimas, Lucious. Sua sobrinha é um amor de pessoa, não
vamos fazem nada de ruim com ela. – Os espíritos riram. Uma risada
maléfica.
-Não deboche de mim, Gafus.
Annabelle tinha um
sorrisinho debochado no rosto. Naturalmente os espíritos estavam
gostando de ver a família Achard tão desequilibrada por causa do chamado
da adolescente.
-O que você quer?
-Vim ver minha sobrinha.
Annabelle se virou algumas vezes come se estivesse procurando algo.
-Não a vejo aqui. Você vê, Malakiel?
Anna se contorceu e outro espírito estava falando:
-Não, há apenas nós, Gafus. Lucious, eu acho que a sua sobrinha desapareceu. – E sorriu.
-Minha sobrinha não desapareceu. Ela ainda esta ai, eu sinto sua aura mágica.
-A aura que você sente é a nossa, Lucious. Quando vai entender que estamos dentro dela?
Lucious ficou um momento em silencio, observando o corpo que
anteriormente havia pertencido a Annabelle. Ela estava tão diferente,
não parecia a garota que ele havia cuidado desde pequena. Estava imunda,
com os olhos inchados, a pele marcada de arranhões e sangue... Ele
queria sua sobrinha de volta. Desesperadamente.
Não era uma escolha
da família Achard que escolhia quem seria a próxima “boneca”, pessoa
que teria no corpo os setes demônios do fim do mundo:
• Gabus, espírito da discórdia
• Malakiel, espírito da guerra
• Mulos, espírito da cobiça
• Fatus, espírito das trevas e da escuridão
• Estiel, espírito do caos
• Tokes, espírito da solidão e
• Vasti, espírito da mentira
Era necessário que ate duas horas após a morte da ultima “boneca”, toda
a família se reunisse para que o sol ou a alua anunciasse o próximo.
Depois disso, era necessário pedir ajuda ao fogo para que acorresse a
transferência, ritual pelo qual Annabelle havia passado na noite
anterior.
Tio Gerald havia sido a ultima “boneca” antes da
adolescente e havia morrido de velhice. Rapidamente foi tudo preparado
para que fosse descoberto a próxima “boneca”’que ocuparia o pesado cargo
de Gerald. A lua havia escolhido a pobre Annabelle. A pequena e frágil
Annabelle. O bem mais precioso de Lucious.
Para ele era uma tortura ver a sobrinha tão... Ele não conseguia pensar num adjetivo correto. Talvez “miserável” chegue perto.
-Serviremos logo seu almoço, Annabelle. - Disse o tio, secamente.
-E se ela não comer?-sibilou Vasti
Lucious usou seu poder e empurrou o corpo de Annabelle contra a parede.
-Não me provoque, Vasti.
Anna ergueu a cabeça com um sorriso no rosto.
-Lucious, eu sou um espírito. Você não pode me afetar. Já sua sobrinha...
Lucious deu as costas e subiu de volta, deixando Annabelle e os demônios sozinhos.
Capitulo 3
Lucious estava em seu escritório com Cristovam, seu irmão. Estava
aguardando a chegada de Ariel, o chefe celestial de controle dos sete
demônios. Ele vinha propor um acordo.
-O que você acha que ele vai propor, Lucious?- Perguntou Cristovam, tomando um gole de seu conhaque.
-Espero que algo que a ajude Belle. Não suporto vê-la entregue a esses espíritos inespulsaveis.
-Também fiquei machucado ao vê-la daquela maneira. Mas imagino que a
dor seja muito pior para você. Cuidou dela desde que ela tinha cinco
anos.
Lucious reviveu em sua memória os momentos felizes que passou com Belle. Nunca esqueceria nenhum.
Uma batida na porta chamou a atenção de Lucious e Cristovam. Era a pequena neta de Cristovam, Laura.
-Vovô, Ariel chegou.
Cristovam sorri para ela.
-Obrigada, querida. Pode pedir para ele entrar?
Mas não foi necessário. Um homem muito alto, de pele alva e cabelos
muitos negros estava entrando. Seus olhos eram muitos verdes e vestia um
bonito e elegante terno preto com uma camisa branca por dentro em
contraste.
-Lucious.
Sua voz era grave e seria. Os dois fizeram uma leva reverência com a cabeça e então Ariel entrou e sentou.
-Pode entrar, Aron.
Outro anjo entrava na sala. Mesmo alto não era tão grande como Ariel,
mas era tão alvo quanto ele. Tinha olhos muito verdes também e uma boca
deliciosamente rosada. Seu cabelo castanho com alguns fios dourados era
grande, caindo-lhe sobre as orelhas e ocultando-lhe a nuca. Era magro,
forte e usava jeans, camiseta, colete e All Star. Um guarda roupa
diferente do de Ariel.
-Gostaria de lhes apresentar meu irmão, Aron.
Aron estava nervoso sob o olhar de Lucious. Mas estendeu a mão. Lucious, educado, a apertou.
-Lucious.
-Aron. Conheço sobre o senhor e sua família. Espero ajudar.
Lucious olhou de Aron para Ariel, questionando.
-Aron ficará aqui para garantir que Annabelle fique bem. Será vigiada por onde for.
Um silencio inquietante caiu sobre o escritório.
-Ela poderá continuar com sua antiga rotina, Lucious. Poderá ir ao
jardim, ler, estudar. Se tiver um ataque, Aron estará ao lado dela para
auxiliá-la. Cuidara dela em tudo.
Pausa.
-Em tudo?-Perguntou Lucious. Cristovam sentiu que Lucious iria explodir logo. Conhecia o gênio do irmão.
-Em tudo. -Respondeu Ariel.
-ATE QUANDO ELA QUISER SE MATAR?-A fúria de Lucious assustou Aron, mas
não atingiu Ariel. Ele estava impassível. -ATE QUANDO ELA SE
MACHUCAR?QUANDO ELA PRECISAR TOMAR BANHO OU TROCAR DE ROUPA?
Pausa. Lucious estava irado.
-Sim, Lucious, para tudo.
Mais uma vez cai um silencio constrangedor no escritório. Se pudesse,
Aron estaria suando. Era sua primeira missão realmente importante.
-Esta caçoando da minha dor, Ariel?
-De maneira nenhuma, Lucious. Quero que sua sobrinha seja bem cuidada e
protegida. Assim garantimos que os espíritos não escapem.
Silêncio.
-É minha oferta final, Lucious. É pegar ou largar.
Capitulo 4
Ariel havia ido embora. Aron estava no quarto que Lucious havia
oferecido para ele. Aron olhava pela janela de seu quarto o maravilhoso
jardim que se estendia lá fora e Lucious o observava da porta. Aron
sabia que ele estava lá, mas não conseguiria encarar Lucious, então não
se virou.
-Cuide bem dela, por favor.
Vencendo o medo, Aron olhou para Lucious. Ele segurava lagrimas nos olhos.
-Vou cuidar, Lucious. Vi como Annabelle é importante para todos dessa família. Vou cuidá-la como se fosse minha irmã.
Os dois se observaram por alguns momentos. Depois Lucious disse:
-Fique a vontade. Anna logo estará pronta para vê-lo.
E saiu.
***
Estava toda a família naquela sala: vovó Serafine, tia Karen, tio
Cristovam, a pequenina Laura, seu irmão, Bill, prima Florence, tia
Grace, Lucious e Aron. Era o momento em que o anjo finalmente iria
conhecer Annabelle.
Prima Florence foi comandada por Lucious para ir pegar Annabelle no porão.
Todas as cortinas foram fechadas. Tochas foram acesas de repente.
-Fatus, espírito da escuridão, não gosta de luz. Queima a pele.
Aron assentiu. Entendido, nada de luz.
Elas estavam subindo. Todos ficaram mais quietos ainda, se é que era possível.
Até que ela apareceu. Limpa, mas muito arranhada, vestida com um longo
vestido branco. Seus longos cabelos negros caiam sobre os seios e os
olhos estavam parcialmente negros e parcialmente azuis. Estava descalça e
calma.
-Bem vinda de volta, Annabelle.
Ela olhou para o seu tio. O rosto sem emoção.
-Este jovem anjo ira cuidar de você daqui para frente, Belle. -Continuou-Seu nome é Aron.
A jovem encarou o anjo. Sua expressão não passava nada. Estava quieta, muda.
-Você quer ficar sozinha?-Perguntou Aron.
Belle não respondeu, Apenas assentiu.
-Posso acompanhá-la?
Ela assentiu novamente.
Com um aperto na barriga, ele se aproxima dela, sob o olhar de todos na
sala. Sem se tocar ambos sobem para o quarto de Belle. Ela na frente,
ele a seguindo.
-Porque não quer falar?
Belle não respondeu.
Apenas parou no corredor e o olhou. Ele não entendeu o porquê desta
ação. Até que ela olhou para a parede. Havia palavras aparecendo ali.
"Tenho medo de acordá-los."
-Você escreveu isso?
Belle assente.
-Eles estão dormindo?
Ela olha para a parede de novo.
"Ficam fracos de dia e quase não fazem nada. Mas a noite são violentos.
Não me deixam dormir e me fazem ter pesadelos. Tenho medo."
Aron olhou para ela. Tão frágil, pequena e linda.
-Não tenha.
"Eu não tenho escolha. Posso machucar alguém que eu amo sem querer. E essa seria minha maior dor."
-Você não vai machucar ninguém, Belle.
"Talvez vá. Às vezes penso em me matar, acabaria com meu sofrimento.
Mas eu me lembro que alguém que eu amo sentiria o que eu estou sentindo
agora. A dor seria maior ainda. Antes eu do que eles."
Aron ficou em silencio por um momento, depois sorriu.
-Fico feliz por estarmos conseguindo nos comunicar.
Anna lhe deu um sorriso triste e entrou em seu quarto. A frase que estava na parede quando ela saiu era:
"Obrigada por não me trata com diferença. Como um animal selvagem."
Capitulo 5
Belle ainda estava trancada no quarto e Aron ainda a esperava no corredor. Todo estava quieto lá dentro desde que ela entrara.
O anjo tentou refletir sobre esse terrível método dos arcanjos de
aprisionar os sete maiores demônios em um corpo com magia (ou
semi-humano). Sabia que era uma técnica muito antiga, desde o inicio dos
tempos, quando os sete espíritos destruíram a primeira terra. Depois,
Deus, com sua bondade, refês a terra e deu aos anjos a responsabilidade
de manter os espíritos presos. De alguma maneira, eles descobriram que o
corpo semi-humano é a prisão mais poderosa para espíritos inespulsaveis
e escolheram a família Achard, uma das mais poderosas e antigas família
de semi-humanos, para serem a “bonecas” até que o fim do mundo chegue e
o próprio Deus liberte os espí
ritos para destruí-los.
Ela ainda estava dentro do quarto sozinha. Estava tudo muito quieto lá
dentro. Resolveu ir ver se estava tudo bem. Bateu levemente na porta e
abriu.
Estava um pouco escuro, a não ser por uma pequena faixa de
luz que vinha através da cortina da janela. Ainda assim dava pra ver que
não era um quarto grande. Havia um guarda-roupa na parede da esquerda,
perto da porta. Escondido atrás do guarda-roupa havia outra porta que
levava ao banheiro. Mesinha de cabeceira, cama, escrivaninha, estante...
Tudo estava “escrito” da mesma maneira que Anna tinha se comunicado com
Aron. Mas em toda parte. Paredes, moveis, teto, chão... Tudo marcado
com a mesma palavra: INFERNO.
Só havia uma coisa que parecia certo
lá: na cama, Annabelle dormia profundamente. Sobre ela não havia nenhuma
palavra, mas Aron sabia que era ela que estava fazendo aquilo.
Ela
parecia majestosamente linda e isso só doeu ainda mais em Aron. Porque
ele sabia que aquela beleza estava atormentada e ele não podia fazer
nada.
Capitulo 6
Ela abriu os olhos. Todas as palavras sumiram. Já era tarde. O sol já estava se pondo. Eles estavam voltando.
"O que está fazendo aqui?"
Anna não tinha sequer se mexido na cama quando viu Aron sentado numa cadeira perto da porta,observando-a.
-Porque você não fala?Está caindo a noite. Eles vão aparecer de qualquer maneira.
Ela só o encarou. Seu rosto não estava nada amigável.
"Porque quer ouvir minha voz?"
-Porque responde perguntas com perguntas?
Ela ainda o encarava da cama.
-Fui designado para cuidar de você, Anna. E é o que eu estou fazendo.
"Não quero sua ajuda."
-Você precisa da minha ajuda.
Ela continuava do mesmo jeito: deitada, encarando-o.
"Não quero falar. Eles dizem gostar da minha voz. Dizem preferir quando estou gritando de dor."
Aron sentiu um aperto no peito ao ver que uma lagrima havia saltado dos olhos de Anna.
"Não olhe pra mim desse jeito. Por favor. Sinto-me um ser desprezível."
Aron se levantou e se sentou na borda da cama.
-Você não é um ser desprezível, Anna. O meu olhar é de dor. De ver você
assim. Eu não sei muito sobre você, mas a ver tão frágil assim me dói. E
me sinto pior ainda por não poder fazer nada.
Ele tentou enxugar
uma lagrima dos olhos dela, mas quando sua pele angelical tocou a pele
amaldiçoada dela, queimou. Ela gemeu de dor.
-Oh, Anna, me desculpe, eu só...
"Deixe-me, Aron. Tenho que ficar só. É meu destino..."
Lagrimas saltavam de seus olhos. Ela chorava compulsivamente. Parecia muito cansada.
Mas em vez de ir embora Aron pegou uma manta e a envolveu. Logo depois
deitou com ela, a manta entre os dois. Assim ele a embalou até que ela
adormecesse novamente
Uma batida na porta chamou a atenção de Lucious e Cristovam. Era a pequena neta de Cristovam, Laura.
-Vovô, Ariel chegou.
Cristovam sorri para ela.
-Obrigada, querida. Pode pedir para ele entrar?
Mas não foi necessário. Um homem muito alto, de pele alva e cabelos muitos negros estava entrando. Seus olhos eram muitos verdes e vestia um bonito e elegante terno preto com uma camisa branca por dentro em contraste.
-Lucious.
Sua voz era grave e seria. Os dois fizeram uma leva reverência com a cabeça e então Ariel entrou e sentou.
-Pode entrar, Aron.
Outro anjo entrava na sala. Mesmo alto não era tão grande como Ariel, mas era tão alvo quanto ele. Tinha olhos muito verdes também e uma boca deliciosamente rosada. Seu cabelo castanho com alguns fios dourados era grande, caindo-lhe sobre as orelhas e ocultando-lhe a nuca. Era magro, forte e usava jeans, camiseta, colete e All Star. Um guarda roupa diferente do de Ariel.
-Gostaria de lhes apresentar meu irmão, Aron.
Aron estava nervoso sob o olhar de Lucious. Mas estendeu a mão. Lucious, educado, a apertou.
-Lucious.
-Aron. Conheço sobre o senhor e sua família. Espero ajudar.
Lucious olhou de Aron para Ariel, questionando.
-Aron ficará aqui para garantir que Annabelle fique bem. Será vigiada por onde for.
Um silencio inquietante caiu sobre o escritório.
-Ela poderá continuar com sua antiga rotina, Lucious. Poderá ir ao jardim, ler, estudar. Se tiver um ataque, Aron estará ao lado dela para auxiliá-la. Cuidara dela em tudo.
Pausa.
-Em tudo?-Perguntou Lucious. Cristovam sentiu que Lucious iria explodir logo. Conhecia o gênio do irmão.
-Em tudo. -Respondeu Ariel.
-ATE QUANDO ELA QUISER SE MATAR?-A fúria de Lucious assustou Aron, mas
não atingiu Ariel. Ele estava impassível. -ATE QUANDO ELA SE
MACHUCAR?QUANDO ELA PRECISAR TOMAR BANHO OU TROCAR DE ROUPA?
Pausa. Lucious estava irado.
-Sim, Lucious, para tudo.Pausa. Lucious estava irado.
Mais uma vez cai um silencio constrangedor no escritório. Se pudesse, Aron estaria suando. Era sua primeira missão realmente importante.
-Esta caçoando da minha dor, Ariel?
-De maneira nenhuma, Lucious. Quero que sua sobrinha seja bem cuidada e protegida. Assim garantimos que os espíritos não escapem.
Silêncio.
-É minha oferta final, Lucious. É pegar ou largar.
Capitulo 4
Ariel havia ido embora. Aron estava no quarto que Lucious havia
oferecido para ele. Aron olhava pela janela de seu quarto o maravilhoso
jardim que se estendia lá fora e Lucious o observava da porta. Aron
sabia que ele estava lá, mas não conseguiria encarar Lucious, então não
se virou.
-Cuide bem dela, por favor.
Vencendo o medo, Aron olhou para Lucious. Ele segurava lagrimas nos olhos.
-Vou cuidar, Lucious. Vi como Annabelle é importante para todos dessa família. Vou cuidá-la como se fosse minha irmã.
Os dois se observaram por alguns momentos. Depois Lucious disse:
-Fique a vontade. Anna logo estará pronta para vê-lo.
E saiu.
***
Estava toda a família naquela sala: vovó Serafine, tia Karen, tio
Cristovam, a pequenina Laura, seu irmão, Bill, prima Florence, tia
Grace, Lucious e Aron. Era o momento em que o anjo finalmente iria
conhecer Annabelle.
Prima Florence foi comandada por Lucious para ir pegar Annabelle no porão.
Todas as cortinas foram fechadas. Tochas foram acesas de repente.
-Fatus, espírito da escuridão, não gosta de luz. Queima a pele.
Aron assentiu. Entendido, nada de luz.
Elas estavam subindo. Todos ficaram mais quietos ainda, se é que era possível.
Até que ela apareceu. Limpa, mas muito arranhada, vestida com um longo
vestido branco. Seus longos cabelos negros caiam sobre os seios e os
olhos estavam parcialmente negros e parcialmente azuis. Estava descalça e
calma.
-Bem vinda de volta, Annabelle.
Ela olhou para o seu tio. O rosto sem emoção.
-Este jovem anjo ira cuidar de você daqui para frente, Belle. -Continuou-Seu nome é Aron.
A jovem encarou o anjo. Sua expressão não passava nada. Estava quieta, muda.
-Você quer ficar sozinha?-Perguntou Aron.
Belle não respondeu, Apenas assentiu.
-Posso acompanhá-la?
Ela assentiu novamente.
Com um aperto na barriga, ele se aproxima dela, sob o olhar de todos na
sala. Sem se tocar ambos sobem para o quarto de Belle. Ela na frente,
ele a seguindo.
-Porque não quer falar?
Belle não respondeu.
Apenas parou no corredor e o olhou. Ele não entendeu o porquê desta
ação. Até que ela olhou para a parede. Havia palavras aparecendo ali.
"Tenho medo de acordá-los."
-Você escreveu isso?
Belle assente.
-Eles estão dormindo?
Ela olha para a parede de novo.
"Ficam fracos de dia e quase não fazem nada. Mas a noite são violentos.
Não me deixam dormir e me fazem ter pesadelos. Tenho medo."
Aron olhou para ela. Tão frágil, pequena e linda.
-Não tenha.
"Eu não tenho escolha. Posso machucar alguém que eu amo sem querer. E essa seria minha maior dor."
-Você não vai machucar ninguém, Belle.
"Talvez vá. Às vezes penso em me matar, acabaria com meu sofrimento.
Mas eu me lembro que alguém que eu amo sentiria o que eu estou sentindo
agora. A dor seria maior ainda. Antes eu do que eles."
Aron ficou em silencio por um momento, depois sorriu.
-Fico feliz por estarmos conseguindo nos comunicar.
Anna lhe deu um sorriso triste e entrou em seu quarto. A frase que estava na parede quando ela saiu era:
"Obrigada por não me trata com diferença. Como um animal selvagem."
Capitulo 5
Belle ainda estava trancada no quarto e Aron ainda a esperava no corredor. Todo estava quieto lá dentro desde que ela entrara.
O anjo tentou refletir sobre esse terrível método dos arcanjos de
aprisionar os sete maiores demônios em um corpo com magia (ou
semi-humano). Sabia que era uma técnica muito antiga, desde o inicio dos
tempos, quando os sete espíritos destruíram a primeira terra. Depois,
Deus, com sua bondade, refês a terra e deu aos anjos a responsabilidade
de manter os espíritos presos. De alguma maneira, eles descobriram que o
corpo semi-humano é a prisão mais poderosa para espíritos inespulsaveis
e escolheram a família Achard, uma das mais poderosas e antigas família
de semi-humanos, para serem a “bonecas” até que o fim do mundo chegue e
o próprio Deus liberte os espí
ritos para destruí-los.
Ela ainda estava dentro do quarto sozinha. Estava tudo muito quieto lá
dentro. Resolveu ir ver se estava tudo bem. Bateu levemente na porta e
abriu.
Estava um pouco escuro, a não ser por uma pequena faixa de
luz que vinha através da cortina da janela. Ainda assim dava pra ver que
não era um quarto grande. Havia um guarda-roupa na parede da esquerda,
perto da porta. Escondido atrás do guarda-roupa havia outra porta que
levava ao banheiro. Mesinha de cabeceira, cama, escrivaninha, estante...
Tudo estava “escrito” da mesma maneira que Anna tinha se comunicado com
Aron. Mas em toda parte. Paredes, moveis, teto, chão... Tudo marcado
com a mesma palavra: INFERNO.
Só havia uma coisa que parecia certo
lá: na cama, Annabelle dormia profundamente. Sobre ela não havia nenhuma
palavra, mas Aron sabia que era ela que estava fazendo aquilo.
Ela
parecia majestosamente linda e isso só doeu ainda mais em Aron. Porque
ele sabia que aquela beleza estava atormentada e ele não podia fazer
nada.
Capitulo 6
Ela abriu os olhos. Todas as palavras sumiram. Já era tarde. O sol já estava se pondo. Eles estavam voltando.
"O que está fazendo aqui?"
Anna não tinha sequer se mexido na cama quando viu Aron sentado numa cadeira perto da porta,observando-a.
-Porque você não fala?Está caindo a noite. Eles vão aparecer de qualquer maneira.
Ela só o encarou. Seu rosto não estava nada amigável.
"Porque quer ouvir minha voz?"
-Porque responde perguntas com perguntas?
Ela ainda o encarava da cama.
-Fui designado para cuidar de você, Anna. E é o que eu estou fazendo.
"Não quero sua ajuda."
-Você precisa da minha ajuda.
Ela continuava do mesmo jeito: deitada, encarando-o.
"Não quero falar. Eles dizem gostar da minha voz. Dizem preferir quando estou gritando de dor."
Aron sentiu um aperto no peito ao ver que uma lagrima havia saltado dos olhos de Anna.
"Não olhe pra mim desse jeito. Por favor. Sinto-me um ser desprezível."
Aron se levantou e se sentou na borda da cama.
-Você não é um ser desprezível, Anna. O meu olhar é de dor. De ver você
assim. Eu não sei muito sobre você, mas a ver tão frágil assim me dói. E
me sinto pior ainda por não poder fazer nada.
Ele tentou enxugar
uma lagrima dos olhos dela, mas quando sua pele angelical tocou a pele
amaldiçoada dela, queimou. Ela gemeu de dor.
-Oh, Anna, me desculpe, eu só...
"Deixe-me, Aron. Tenho que ficar só. É meu destino..."
Lagrimas saltavam de seus olhos. Ela chorava compulsivamente. Parecia muito cansada.
Mas em vez de ir embora Aron pegou uma manta e a envolveu. Logo depois
deitou com ela, a manta entre os dois. Assim ele a embalou até que ela
adormecesse novamente
Ela ainda estava dentro do quarto sozinha. Estava tudo muito quieto lá dentro. Resolveu ir ver se estava tudo bem. Bateu levemente na porta e abriu.
Estava um pouco escuro, a não ser por uma pequena faixa de luz que vinha através da cortina da janela. Ainda assim dava pra ver que não era um quarto grande. Havia um guarda-roupa na parede da esquerda, perto da porta. Escondido atrás do guarda-roupa havia outra porta que levava ao banheiro. Mesinha de cabeceira, cama, escrivaninha, estante... Tudo estava “escrito” da mesma maneira que Anna tinha se comunicado com Aron. Mas em toda parte. Paredes, moveis, teto, chão... Tudo marcado com a mesma palavra: INFERNO.
Só havia uma coisa que parecia certo lá: na cama, Annabelle dormia profundamente. Sobre ela não havia nenhuma palavra, mas Aron sabia que era ela que estava fazendo aquilo.
Ela parecia majestosamente linda e isso só doeu ainda mais em Aron. Porque ele sabia que aquela beleza estava atormentada e ele não podia fazer nada.
Ela abriu os olhos. Todas as palavras sumiram. Já era tarde. O sol já estava se pondo. Eles estavam voltando.
"O que está fazendo aqui?"
Anna não tinha sequer se mexido na cama quando viu Aron sentado numa cadeira perto da porta,observando-a.
-Porque você não fala?Está caindo a noite. Eles vão aparecer de qualquer maneira.
Ela só o encarou. Seu rosto não estava nada amigável.
"Porque quer ouvir minha voz?"
-Porque responde perguntas com perguntas?
Ela ainda o encarava da cama.
-Fui designado para cuidar de você, Anna. E é o que eu estou fazendo.
"Não quero sua ajuda."
-Você precisa da minha ajuda.
Ela continuava do mesmo jeito: deitada, encarando-o.
"Não quero falar. Eles dizem gostar da minha voz. Dizem preferir quando estou gritando de dor."
Aron sentiu um aperto no peito ao ver que uma lagrima havia saltado dos olhos de Anna.
"Não olhe pra mim desse jeito. Por favor. Sinto-me um ser desprezível."
Aron se levantou e se sentou na borda da cama.
-Você não é um ser desprezível, Anna. O meu olhar é de dor. De ver você assim. Eu não sei muito sobre você, mas a ver tão frágil assim me dói. E me sinto pior ainda por não poder fazer nada.
Ele tentou enxugar uma lagrima dos olhos dela, mas quando sua pele angelical tocou a pele amaldiçoada dela, queimou. Ela gemeu de dor.
-Oh, Anna, me desculpe, eu só...
"Deixe-me, Aron. Tenho que ficar só. É meu destino..."
Lagrimas saltavam de seus olhos. Ela chorava compulsivamente. Parecia muito cansada.
Mas em vez de ir embora Aron pegou uma manta e a envolveu. Logo depois deitou com ela, a manta entre os dois. Assim ele a embalou até que ela adormecesse novamente
"Porque quer ouvir minha voz?"
-Porque responde perguntas com perguntas?
Ela ainda o encarava da cama.
-Fui designado para cuidar de você, Anna. E é o que eu estou fazendo.
"Não quero sua ajuda."
-Você precisa da minha ajuda.
Ela continuava do mesmo jeito: deitada, encarando-o.
"Não quero falar. Eles dizem gostar da minha voz. Dizem preferir quando estou gritando de dor."
Aron sentiu um aperto no peito ao ver que uma lagrima havia saltado dos olhos de Anna.
"Não olhe pra mim desse jeito. Por favor. Sinto-me um ser desprezível."
Aron se levantou e se sentou na borda da cama.
-Você não é um ser desprezível, Anna. O meu olhar é de dor. De ver você assim. Eu não sei muito sobre você, mas a ver tão frágil assim me dói. E me sinto pior ainda por não poder fazer nada.
Ele tentou enxugar uma lagrima dos olhos dela, mas quando sua pele angelical tocou a pele amaldiçoada dela, queimou. Ela gemeu de dor.
-Oh, Anna, me desculpe, eu só...
"Deixe-me, Aron. Tenho que ficar só. É meu destino..."
Lagrimas saltavam de seus olhos. Ela chorava compulsivamente. Parecia muito cansada.
Mas em vez de ir embora Aron pegou uma manta e a envolveu. Logo depois deitou com ela, a manta entre os dois. Assim ele a embalou até que ela adormecesse novamente
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